De acordo com a especialista em ecologia de estrada e professora da Universidade Veiga de Almeida Cecília Bueno, “este lindo exemplar é a maior preguiça-comum já vista pela equipe do parque até hoje. Pelas imagens, identificamos que é uma fêmea e, para nossa surpresa, ela pode estar grávida, já que estamos na época reprodutiva desta espécie. O tamanho desses animais varia de 42 a 80 centímetros de comprimento total do corpo. Esta preguiça flagrada na Unidade de Conservação, que fica no meio de uma megalópole, deve estar próxima do tamanho máximo da espécie, que são 80 centímetros. O peso do indivíduo adulto varia de 2,25 quilos a 6,3 quilos e esta fêmea deve estar com pelo menos 6 quilos”.
As estimativas feitas por Cecília vão ao encontro dos relatos dos monitores que viram a cena ao vivo. “Ficamos impressionados. Ela era realmente grande, a maior que já vi. Pra nós, ela parecia ter o dobro do tamanho das preguiças que estamos acostumados a ver”, disse Flávio Deveza, da equipe de monitores que gravou a gigante descendo pelos galhos de árvores.
O bicho-preguiça é um mamífero e um dos mais comuns do Parque Nacional da Tijuca. Atualmente, existem seis espécies de preguiças identificadas, sendo que a que ocorre no parque é popularmente conhecida como preguiça-comum (Bradypus variegatus). Essa espécie habita regiões de florestas e é encontrada em países como o Brasil, Peru, Venezuela e Nicarágua.
O chefe do Parque Nacional da Tijuca, Eduardo Frederico, lembra a importância de registros como este. “Uma das riquezas do parque é ser um laboratório a céu aberto, onde os pesquisadores parceiros têm a oportunidade de encontrar espécies da fauna e da flora, diversificadas. Esse flagrante não ocorreu durante um estudo, mas que desperta o interesse científico pela biodiversidade da nossa Unidade de Conservação”, esclareceu.
As preguiças se alimentam de folhas como, por exemplo, as de embaúba e as figueiras. Dormem aproximadamente 20 horas por dia e são excelentes nadadoras. Além disso, tem pelagem em tom marrom esverdeado devido à presença de organismos clorofilados, como algas verdes e cianobactérias, que vivem em simbiose com essa espécie. Descem das árvores para fazer suas necessidades fisiológicas (o que pode acontecer uma vez por semana) ou para ir para outra árvore.
Não alimente e nem dê de beber às preguiças. Se avistar algum animal machucado, procure por um funcionário do parque e leve-o até o local para que o animal seja tratado da maneira adequada.
Atualmente, ocorrem 63 espécies de mamíferos de médio e pequeno porte no Parque Nacional da Tijuca, com destaque para o macaco-prego (Cebus apella), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), a paca (Agouti paca), a preguiça (Bradypus variegatus), a cutia (Dasyprocta leporina), o ouriço-cacheiro (Coendu insidiosus), o gambá (Didelphis marsupialis), o tapiti (Sylvilagus brasiliensis), o caxinguelê (Sciureus aestauans), o morcego-beija-flor (Glossophaga soricina) e o quati (Nasua nasua), animal símbolo do parque.