Com a aceleração no número de casos da covid-19, aumentou a dificuldade dos estados em garantir o abastecimento de insumos, dentre eles o oxigênio medicinal. De acordo com o Ministério da Saúde, a situação é mais preocupante em seis estados: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Ceará e Rio Grande do Norte. Já os estados do Pará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão em estado de atenção.
O Ministério da Saúde não incluiu o Espírito Santo na lista de estados em que há risco de faltar oxigênio. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) confirmou para a TV Vitória que, até o momento, não há risco de desabastecimento. No entanto, para dar conta da alta demanda por oxigênio, está ajustando com os fornecedores um aumento médio de 24% na aquisição de oxigênio.
Desabastecimento não está descartado no ES
Se a falta de cilindros de oxigênio ainda não é uma realidade no Espírito Santo, a dificuldade na aquisição dos insumos já faz parte do dia a dia da rede de saúde capixaba. De acordo com a Sesa, tanto a rede pública quanto a privada e filantrópica já encontram dificuldade para comprar insumos e garantir o estoque de materiais essenciais para o tratamento da covid-19.
A Sesa informou que se houver escassez de itens, realizará contratos emergenciais para a aquisição de insumos e oxigênio, medida que ainda não foi adotada ao longo da pandemia.
Estados em risco
Apesar do risco iminente de falta de oxigênio, o Ministério da Saúde afirma que o risco de desabastecimento se deve às dificuldades de distribuição do produto e não à quantidade produzida no país. De acordo com o general Ridauto Fernandes, responsável pelo Departamento de Logística do Ministério, estados que dependem do oxigênio gasoso, armazenado em cilindros, correm maior risco.
O General alertou que há expectativa perigosa da falta de oxigênio em poucos dias e listou como áreas de maior risco o Acre, que trabalha exclusivamente com oxigênio gasoso, o interior de Rondônia e pequenos municípios do Oeste do Pará e também no Ceará.
PGR aciona Ministério da Saúde
O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac), órgão da Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitou ao Ministério da Saúde providências para evitar o desabastecimento do oxigênio nos estados.
De acordo com o Giac, a única empresa que fornece oxigênio para a região Norte informou que, se nada for feito, o estado de Rondônia sofrerá desabastecimento do produto nesta quarta-feira, 24 de março.
Na tarde segunda-feira (22), o Giac reuniu-se com representantes do Ministério da Saúde e da empresa White Martins, uma das principais produtoras de oxigênio medicinal do país, para discutir as dificuldades relativas ao abastecimento do insumo em todo o país.
O diretor da White Martins, Paulo César Baraúna, informou que, em algumas situações, o oxigênio destinado para a indústria deve ser convertido para a àrea da saúde. Baraúna explicou que a estratégia já está sendo adotada e que a empresa já está comunicando as indústrias sobre a suspensão do atendimento para elas em função do que chamou de "uma causa maior".
Já o Ministério da Saúde explicou que estão em curso tratativas para aumentar a produção de cilindros e para instalar concentradores de oxigênio em diversos locais, que funcionarão de forma similar às miniusinas produtoras do insumo. O órgão também está coordenando o transporte com uso de aviões da Força Área para Rondônia e Acre, estados em situação mais grave.
Mapeamento no Brasil
Diante do risco de desabastecimento de oxigênio e para conhecer a realidade do país no que diz respeito à produção e disponibilidade do insumo, o Ministério da Saúde informou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária está produzindo um levantamento sobre o estoque e o consumo de oxigênio em todo o Brasil. Além disso, a Anvisa também está traçando estratégias que visam ampliar o volume do produto no país.