No Centro de Ensino Unificado de Brasília (UniCeub), na Asa Norte, a reportagem não registrou atrasos até as 13h15, 15 minutos após o fechamento dos portões. No entanto, duas candidatas que passaram mal e não puderam fazer a prova saíram com os portões já fechados. Uma delas chorava e nenhuma das duas concordou em dar entrevista.
A campeã da precaução foi a professora de dança e trabalhadora autônoma Glória Bruce Silvares, 23 anos. Ela veio de carona de Rialma, distrito de Ceres (GO) e chegou ao UniCeub por volta da 0h de hoje (20) e pretende ir embora assim que acabar a prova. Apesar de não ter dormido na véspera do exame, a candidata se disse preparada para a prova porque faz o Enem pela quarta vez.
“No ano passado, passei para Direito no Sisu [Sistema de Seleção Unificada] e para Engenharia Civil no Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], mas perdi as datas de inscrição”, diz Glória. Segundo ela, a falta de informações sobre os processos seletivos a fizeram perder as vagas. Ela diz ter achado fácil o primeiro dia de prova, no domingo passado. “Só a redação foi complicada porque não consegui resumir o tema em 30 linhas”, justifica a candidata, que optou pela área de direito e diz ter decorado os livros da época de escola.
Recém-saído do ensino médio e prestando o Enem pela primeira vez, o estudante Ray Miranda, 18 anos, também optou pela precaução. O candidato, que estudou cinco horas extras por dia desde o início do ano, chegou de Águas Lindas (GO) por volta das 8h de ônibus. Por ter escolhido a versão digital do Enem, ele teve de fazer a prova longe de casa. “A prova digital é muito mais prática. A gente não perde tempo preenchendo bolinhas para marcar o gabarito, e sobra mais tempo para pensar nas questões”, explica.
O professor de karatê Felipe Szerdinsks, 24 anos, também preferiu passar algumas horas na porta do local da prova. Morador de Alto Paraíso (GO), chegou de carro por volta das 9h e retornará para casa assim que acabar a prova, em uma viagem que dura aproximadamente duas horas e 20 minutos de automóvel. Formado em Serviços Judiciários e com pós-graduação em Direito Federal, Felipe pretende mudar de vida e fazer outro curso superior na área de saúde ou educação física, para atuar com artes marciais.
“Fiz a edição de 2020, que foi adiada para 2021 por causa da pandemia, mas não passei porque não estudei. Agora, fiz um cursinho on-line por seis meses. No domingo passado, perdi tempo na redação e não consegui responder tudo, mas o que consegui responder, achei fácil”, disse Felipe, que garante ser melhor em ciências exatas, conteúdo cobrado hoje no Enem.
Recém saído do quartel, o reservista Harley Alves, 22 anos, ainda não escolheu a área em que quer fazer faculdade, mas diz ter estudado quatro aulas por dia durante um ano para prestar o Enem pela primeira vez. Vindo de ônibus, chegou às 10h50 e esperava a abertura dos portões, ao meio-dia, com tranquilidade. “Achei a prova da semana passada fácil. Quando a gente se prepara, tudo corre bem”, comenta.
Os participantes do Enem 2022 fazem hoje as provas de matemática e de ciência da natureza, que engloba química, física e biologia. Cada prova tem 45 questões objetivas. O exame é aplicado em mais de 1,7 mil municípios nas modalidades impressa e digital. Nas duas modalidades, as questões são iguais.
Pelo oitavo ano consecutivo, os veículos públicos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) transmitem a correção das principais questões do Exame Nacional do Ensino Médio logo após o término das provas. A partir das 19h30, professores comentarão e resolverão as questões ao vivo no especial Caiu no Enem.
A iniciativa multiplataforma entra no ar na programação da TV Brasil, nas redes sociais da emissora, na Rádio MEC AM e na Rádio Nacional AM e OC. Com uma hora e meia de duração, o conteúdo temático ainda fica disponível para o público acompanhar quando e onde quiser no app TV Brasil Play.
Os gabaritos das provas serão divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) até o dia 23, online.
O Enem seleciona estudantes para vagas do ensino superior públicas, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), e serve de parâmetro para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.