Na última semana, 177 funcionários da Cia. Hering, em Blumenau, foram demitidos. Conforme afirma o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sitrafite), estes desligamentos ocorreram via aplicativo de mensagens (Whatsapp) e correspondências endereçadas às casas dos profissionais.
As demissões são consideradas reflexo da quarentena e da crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus. O Sintrafite, no entanto, busca reverter a decisão da empresa, considerando que poderiam ter sido tomadas outras atitudes para garantia da manutenção destes postos de emprego.
A empresa estabeleceu uma das Medidas Provisórias oportunizadas pelo governo federal, a da suspensão de contratos. Neste modelo os profissionais ficariam em casa por um mês, podendo ser prorrogada a suspensão deste contrato por mais um mês, mas teriam a garantia de estabilidade temporária.
Contudo, conforme afirma a presidente do Sitrafite, Vivian Kreutzfeld, a Cia. Hering suspendeu os contratos uma vez, não renovou a suspensão e pagou um valor de multa para poder demitir estes funcionários, cancelando, portanto, o benefício da estabilidade.
Vivian afirma que já foi encaminhada para empresa um documento com uma notificação extrajudicial, apontando medidas para que a empresa reveja estes desligamentos. “Nós consideramos que ocorreu uma demissão em massa de maneira irresponsável e sem diálogo com o sindicato. Fomos procurados por funcionários que ficaram insatisfeitos com a decisão. São pessoas com 15, às vezes 20 anos de empresa, agora demitidas por Whatsapp. Uma empresa com presença na bolsa, faturamento de mais de R$ 200 milhões no último ano, poderia ter mantido estes empregos”.
A reportagem procurou um posicionamento da Cia. Hering, mas até o momento desta publicação não houve resposta. Estas demissões são divididas entre cargos produtivos e administrativos, tanto da unidade do Bom Retiro quanto da Velha Central.
Um dos reflexos do impacto econômico que a Hering vem sofrendo foi o encerramento das atividades em um dos pontos mais conhecidos da região. A loja da empresa, na rua Conselheiro Rui Barbosa, no Centro de Brusque, está encerrando as atividades.
O estabelecimento está realizando queima final de estoque, com até 80% de desconto nas peças, antes de fechar as portas.
Outra revendedora da rede na cidade ainda funciona no Shopping Gracher.
Diante do prolongamento da crise causada pelo novo coronavírus (COVID-19) e os consequentes impactos à saúde e na economia de todo o país, a Cia. Hering esclarece que vem avaliando – diariamente – todos os desdobramentos e tomando providências para preservar os empregos, o bem-estar da sua rede, assim como o equilíbrio e a sustentabilidade de todo o negócio.
Depois de adotar todas as medidas legais necessárias e possíveis para a manutenção dos postos de trabalho, a Cia. Hering reavaliou o cenário e se certificou da necessidade de realizar alguns desligamentos na cidade de Blumenau, o que impacta um número reduzido da equipe, quando se considera o quadro geral de colaboradores. Essa decisão foi indispensável face ao efeito existente nos negócios da companhia e considerando ainda as perspectivas de uma retomada mais lenta do mercado como um todo, inclusive no varejo.
A Cia. Hering esclarece que parte dos desligamentos está relacionada à realocação de colaboradores, com transferência de produção prevista entre seus sites.
Por fim, reitera que o planejamento prevê o incremento da produção das coleções dentro do mercado nacional, reduzindo o volume de importações. Dessa forma, considera, inclusive, para um cenário de curto e médio prazo, um possível aumento de novos postos de trabalho.