16/01/2020 às 08h30min - Atualizada em 16/01/2020 às 08h30min

Cerca de 15% das pessoas que fazem bariátrica não conseguem manter os resultados

Cirurgião bariátrico esclarece como ocorre a recidiva da obesidade e a importância do acompanhamento multidisciplinar no combate ao ganho de peso

Da Redação

A cirurgia bariátrica é vista como alternativa para pacientes que sofrem com a obesidade e outras comorbidades que afetam a saúde. Apesar da maioria dos pacientes conseguirem diminuir os números na balança, existem alguns casos em que ocorrem novamente o ganho de peso. 

Os dados mais recentes, divulgados em 2017, pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCM) mostram que, cerca de 15% das pessoas que passaram pelo procedimento, após cinco anos, não conseguem manter os resultados obtidos. Este tipo de situação é conhecida como recidiva da obesidade.

O retorno significativo do peso acontece por diversos fatores, entre eles o sedentarismo, ingestão de alimentos calóricos, perda de foco no tratamento e até mesmo causas mais sérias, como distúrbios psicológicos e emocionais. “A cirurgia bariátrica não é mágica. É fundamental ter uma mudança de hábitos e passar por uma reeducação alimentar, além de incluir a prática de atividade física regularmente. Mas não é só isso: é extremamente importante que o paciente também tenha um acompanhamento multidisciplinar, afinal não se trata apenas de diminuição de peso”, afirma o cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão.

O tratamento multidisciplinar em questão vai além do cirurgião: envolve também psicólogo, nutricionista, endocrinologista, fisioterapeuta, pneumologista, cardiologista e é importante tanto no pré como também no pós cirúrgico.

Técnicas da cirurgia bariátrica

No Brasil, a técnica que tem se mostrado mais eficaz na atuação contra o ganho de peso pós cirurgia é o bypass gástrico. Esta a opção mais praticada no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, essa opção corresponde a 75% das cirurgias realizadas. Isso acontece, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 35 a 40% do peso inicial.

“Nesse procedimento, é feito o grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino proximal, que promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Essa somatória entre menor ingestão de alimentos e aumento da saciedade é o que leva ao emagrecimento, além de controlar o diabetes e outras doenças, como a hipertensão arterial.”, explica o cirurgião.

Técnicas utilizadas

Bypass gástrico: É a técnica bariátrica mais praticada no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, corresponde a 75% das cirurgias realizadas, devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. O paciente submetido à cirurgia perde de 35 a 40% do peso inicial.

Gastrectomia vertical ou sleeve: A gastrectomia vertical, é um tipo de cirurgia bariátrica realizada geralmente por videolaparoscopia. Consiste na retirada de parte do estômago, sendo, portanto, irreversível. É chamada de ‘vertical’ ou ‘em manga’, porque a retirada ocorre através do grampeamento de boa parte do estômago verticalmente, deixando um tubo gástrico estreito.

Derivação biliopancreática: É uma associação entre a Gastrectomia Vertical, com 85% do estômago retirado e o desvio intestinal. Com esse desvio, o alimento se desloca por um caminho e os sucos digestivos (bile e suco pancreático) por outro, se encontrando somente a 100 cm antes de acabar o intestino delgado, diminuindo a absorção de calorias e nutrientes. Ao contrário do Bypass, a derivação biliopancreática mantém o estômago maior e encurta o intestino, promovendo menos restrição e mais disabsorção dos nutrientes.

Banda gástrica ajustável: A implantação da banda gástrica é feita com a colocação de uma cinta de silicone, com formato de anel, em volta da parte superior do estômago promovendo uma divisão em duas partes com tamanhos diferentes, deixando o estômago em formato de ampulheta. A banda gástrica é ligado a um portal, por um tubo de silicone que é implantado por baixo da pele, e possibilita o ajuste da banda gástrica a qualquer momento pelo médico.

“Apenas o médico junto com o paciente saberá avaliar qual o melhor procedimento para tratar a obesidade e as doenças associadas, como a diabetes, por exemplo, sem oferecer grandes riscos aos pacientes. Essa escolha é baseada em uma avaliação do caso e é individual, dependendo de inúmeras variáveis: quanto peso precisa ser perdido, se a pessoa tem idade avançada, e condições gerais de saúde, observando as doenças associadas à obesidade”, explica Thales.

Dados

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) em 2018 foram realizadas no total 63.969 cirurgias. Esse volume de procedimentos representa apenas 0,47% da população obesa com IMC acima de 35, e que, portanto, seria elegível à cirurgia bariátrica e metabólica.

“A redução de estômago é recomendada para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 40, ou maior que 35, desde que possuam um conjunto de doenças associadas à obesidade, como diabetes, hipertensão e dislipidemias (anomalias dos lipídios no sangue). Além disso, a cirurgia também é recomendada para pacientes com o IMC maior que 30 com diabetes de difícil controle”, finaliza o médico.


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