A 20ª Bienal do Livro Rio vendeu mais de 2 milhões de obras ao longo de dez dias de duração. O evento terminou neste domingo (12), no pavilhão do Riocentro, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Mais de um milhão de pessoas de todas as idades participaram das atividades e debates organizados por uma curadoria coletiva, presencial e virtualmente no maior festival cultural do país.
Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Marcos da Veiga Pereira, “as vendas da Bienal 2021 foram muito surpreendentes. Nos impressionou o apetite dos visitantes. A sensação geral foi de muita segurança e conforto, com as ruas mais largas, filas bem organizadas e a limitação de público. A programação cultural foi outro sucesso, com as sessões cheias presencialmente e com boa audiência 'online'”, destacou.
A Bienal do Livro Rio teve, pela primeira vez, o formato híbrido. As mesas de debates da Estação Plural foram transmitidas também em tempo real pela plataforma digital, contabilizando 750 mil acessos. De acordo com o balanço apresentado há pouco pela organização, 34,5% do público presente no Riocentro estiveram no evento pela primeira vez e 50,8% tinham entre 18 e 25 anos. Das 250 mil pessoas que passaram pelos três pavilhões, na Barra da Tijuca, 99% compraram pelo menos um livro. A média foi de seis livros adquiridos por visitante.
Pesquisa realizada pela organização da Bienal do Livro identificou que a variedade de títulos e os bons preços encontrados foram alguns dos atrativos citados pelo público. A diretora da GV events, responsável pela realização do festival literário,Tatiana Zaccaro, acredita que a aposta de fazer o evento foi acertada. “Ser o primeiro evento de grande porte era uma responsabilidade enorme e estamos muito felizes com o resultado. Conseguimos comprovar que é possível fazer um grande evento com segurança e qualidade. Víamos a felicidade em cada olhar e no contato carinhoso com os livros e com os autores. A Bienal é um momento de experiência leitora sem igual e o público estava ávido por isso”, disse Tatiana.
A 20ª edição da Bienal do Livro Rio recebeu mais de 180 convidados, entre nomes nacionais e internacionais de renome. Entre eles, destaque para Lázaro Ramos, Conceição Evaristo, Fabio Porchat, Thalita Rebouças, Ailton Krenak, Julia Quinn, Matt Ruff, Casey McQuinston, Míriam Leitão, Itamar Vieira Junior, Junji Ito, Mariana Enriquez, Gabriela Prioli, Muniz Sodré, Priscilla Alcantara, Bráulio Bessa e muitos outros, que estiveram presentes nas mesas de debate da Estação Plural. Já o Espaço Metamorfoses, patrocinado pela Petrobras Cultural, atraiu milhares de crianças, adolescentes e adultos que se encantaram pelo ambiente imersivo, interativo, lúdico e 'hi-tech', que convidava a uma reflexão sobre as mudanças do mundo.
Entre as mesas mais badaladas da edição, dentro da provocação sobre que histórias queremos contar a partir de agora, uma das mais celebradas foi “Lulu Traço & Verso: 40 anos de carreira”, em que o cantor Lulu Santos lançou 'songbook' com suas músicas ilustradas por Daniel Kondo, para comemorar as quatro décadas de carreira, e criou ainda um karaokê que animou a noite do dia 4. Foram disputadas também as mesas “Os Novos Rumos da Literatura LGBTQIAP+, com autores da cena jovem debatendo a literatura 'queer' e esgotando todas as pulseiras de autógrafos; e “Ficção e Realidade no crime’, com debate em torno das narrativas de 'true crime' (crime real) com Raphael Montes, Ivan Mizanzuki.
No posto de vacinação montado na Bienal em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, foram vacinadas mais de 300 pessoas que ainda não tinham tomado a segunda dose, condição para que pudessem visitar o festival. Por dia, cerca de 50 pessoas, em média, voltaram para casa por não terem apresentado o comprovante de vacinação, que era exigência do evento.
Mais de 85 editoras participaram do evento em 2021 e se surpreenderam com o resultado. O aumento nas vendas para os expositores variou entre 20% e 120% em relação a 2019. A Editora Vozes teve aumento de 30% de vendas em relação à edição anterior. Já o estande do Grupo Editorial Record chegou ao último fim de semana com crescimento de 90% nas vendas registradas. Esta foi a melhor bienal da história do grupo em termos de faturamento, superando a edição de 2015, que contou com a presença de autoras de 'best-sellers' internacionais.
Na Globo Livros houve crescimento de 20% no primeiro fim de semana do evento comparado a Bienal anterior. Na Sextante, até a última sexta-feira (10), o aumento tinha sido de 30% em relação ao evento de 2019; e na Intrínseca, de 15%.
Com o objetivo de estimular o hábito da leitura, a 20ª Edição da Bienal do Livro do Rio recebeu quase 70 mil estudantes da rede pública municipal e estadual. Todos os alunos da Rede Municipal que visitaram a Bienal receberam um cartão de R$ 20 para compra de livros. Os 47.591 servidores da Rede também foram presenteados com um cartão para compras de livros no valor de R$ 200, adquiridos no evento ou na loja online.
Foram disponibilizados, ainda, às 1.561 unidades administrativas (escolas, creches e núcleos de extensão), cartões para compra de livros para os respectivos acervos, com valores que variaram de R$ 1 mil a R$ 1,6 mil. Ao todo, mais de R$ 12 milhões foram destinados a essa ação da Secretaria Municipal de Educação.
Já a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ) levou cerca de 20 mil estudantes da rede estadual e 5 mil docentes de 631 unidades escolares para o festival. A parceria visou ampliar as iniciativas de apoio e estímulo à leitura. As escolas receberam um kit com o Cartão Bienal, usado para a aquisição de livros. Os docentes foram contemplados com R$ 160 e os estudantes ganharam R$ 80 para adquirir livros, revistas e quadrinhos (HQs).
Curadora do espaço infantil e membro da Comissão Bienal do Livro Rio do SNEL, Marta Ribas, comemorou o resultado do evento. “A conexão com os educadores foi maravilhosa, de muita troca e aprendizado. Ajudamos com a curadoria de quais títulos poderiam levar de acordo com o perfil de cada unidade”, informou.