O nível do Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo, é o mais baixo dos últimos seis anos para um mês de dezembro. Hoje (27), o sistema opera com 24,9% de sua capacidade, um quarto do que comporta, de acordo com o boletim informativo da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O Cantareira é o maior reservatório paulista e é responsável pelo abastecimento de água para 46% da população da região metropolitana.
A média histórica de chuvas em dezembro no manancial é de 207,6 mm, segundo a Sabesp, mas, neste mês, só houve a precipitação de 89,3 mm, faltando apenas quatro dias para dezembro acabar.
Nestes últimos seis anos, o menor volume para o mês de dezembro registrado no Cantareira havia ocorrido em 2015, quando sistema precisou operar abaixo de sua capacidade e utilizar a reserva técnica, chamada de volume morto. Desde então, a maior capacidade observada no sistema para um dia 27 de dezembro ocorreu em 2016, quando o Cantareira registrou o volume de 46,1% , quase o dobro do que foi marcado hoje.
Em dezembro de 2013, poucos meses antes do estado de São Paulo enfrentar a sua maior crise de abastecimento, o sistema Cantareira operava com 27,9% de sua capacidade, pouco acima do registrado hoje. Por isso, a atual situação do manancial preocupa especialistas, que preveem uma nova crise de abastecimento no estado. A Sabesp nega.
Por meio de nota, a companhia informou que não há risco de desabastecimento para a região metropolitana de São Paulo neste momento, mas reforçou que há necessidade de que as pessoas façam um uso consciente da água.
Ainda segundo a Sabesp, a região metropolitana de São Paulo é composta por sete mananciais e, com isso, é possível a transferência de água entre eles, conforme a necessidade operacional. “Um conjunto de medidas vem sendo adotado para a segurança hídrica e preservação dos mananciais em momentos como o atual: integração do sistema (com transferências de água rotineiras entre regiões), ampliação da infraestrutura e gestão da pressão noturna para maior redução de perdas na rede”, informou a companhia, em nota.
Apesar de estarem hoje em uma situação melhor que o Cantareira, os demais sistemas também registram uma capacidade menor do que a registrada em 2013, poucos meses antes do estado paulista enfrentar sua mais grave crise hídrica.
O volume do Alto Tietê está atualmente em 40%; do Guarapiranga em 56%; do Cotia em 35,9%; do Rio Grande em 82,9%; do Rio Claro em 46,6%; e, do São Lourenço, em 75,7%. Em 2013, para comparar, o volume do sistema Rio Claro estava acima de 100% e, o de Cotia, acima de 75%.
A captação de água do Sistema Cantareira é condicionada ao nível de armazenamento de água do manancial observada no último dia de cada mês. Foram criadas cinco faixas, definidas por uma resolução conjunta da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), em 2017, que devem ser seguidas pela Sabesp.
Os cinco níveis criados pela resolução são os seguintes: normal, quando o nível do reservatório é igual ou maior que 60%; atenção, quando é igual ou maior que 40% e menor que 60%; alerta, quando está maior que 30% e menor que 40%; restrição, quando é maior que 20% e menor que 30%; e especial, quando o volume acumulado é menor que 20%. As faixas orientam os limites de retirada de água do sistema.
Como no dia 30 de novembro o sistema estava com 25,97% de sua capacidade total, ele está operando atualmente na fase de restrição - fase que deve ser mantida caso no dia 31 de dezembro seja anotado um volume entre 20% e 30%.
Para evitar o desperdício de água, a Sabesp criou o site Eu Cuido da Água, com dicas para o consumidor. Entre as medidas que podem evitar o desperdício,estão o ato de ensaboar a louça toda a louça antes de enxaguá-la; tomar banhos mais curtos e evitar a lavagem de veículos.