Há dois meses de encerrar os trabalhos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o acidente aéreo ocorrido com o time da Chapecoense em 2016
Em depoimento para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o acidente aéreo ocorrido com o time da Chapecoense em 2016 - a chamada CPI da Chape -, o vice-presidente de logística e operações da Caixa Econômica Federal, Antônio Carlos Ferreira, afirmou nesta quinta-feira (17) que, apesar de ter contratos com uma das seguradoras do avião acidentado, a Tokio Marine, o banco não possui qualquer relação com a apólice de voo da Chapecoense.
“Sobre o caso específico do tema da CPI, do resseguro da aeronave Lamia envolvida no trágico acidente que vitimou jogadores dirigentes da Chapecoense, jornalistas, quando se dirigiam ao final da copa sul-americana de 2016 na Bolívia, esclareço que nem a Caixa, nem as empresas do conglomerado têm qualquer conexão com os contratos de seguros e resseguro em questão. [O banco] desconhece os termos e condições deste instrumento ou de qualquer outro acordo comercial firmado entre as empresas envolvidas”, afirmou.
A CPI pressiona a Caixa para a rescindir contrato com a Tokio Marine, a qual é sócia em uma nova companhia seguradora, a XS3 Seguros S.A, sob o argumento que a empresa não cumpre compromissos. “Nós queremos o olhar da Caixa Econômica e da Petrobras se indignando, como nós estamos indignados, para atender às vítimas”, disse o presidente da CPI, senador Jorginho Melo (PL-SC), citando empresas brasileiras clientes da seguradora.
O senador catarinense ressaltou que a ideia não é responsabilizar a Caixa Econômica, mas alertar o banco sobre novos contratos com seguradoras. “O compliance de vossas excelências na Caixa deve ser rigoroso com empresas que atuam no Brasil, que prestam serviços, nada mais nada menos, para a Caixa Econômica Federal, para a Petrobras, e que ganham muito dinheiro”, disse.
Sobre a sociedade com a Tokio Marine , os representantes da Caixa disseram que, do ponto de vista comercial, todas as diligências de governança foram cumpridas e que não há nada que desabone a empresa.
A guerra judicial se arrasta há seis anos. As famílias culpam tanto o clube quanto as empresas seguradoras pelo não pagamento das indenizações . A Chapecoense alega dificuldades financeiras, em parte provocadas pelo desastre aéreo.
No final do ano passado, o clube entrou com um pedido de recuperação judicial - regime em que o pagamento de dívidas é suspenso para impedir a entidade de fechar as portas. Já os representantes da Tokio Marine dizem que não são responsáveis pelo resseguro cobrado.
A queda do voo da Chapecoense, em novembro de 2016, na Colômbia, matou 71 pessoas entre tripulantes, jogadores, comissão técnica e jornalistas. Eles seguiam para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín
Na próxima quinta-feira (24), a CPI da Chapecoense deve ouvir José Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine Seguradora, e o presidente da Petrobras Joaquim Silva e Luna. Eles devem esclarecer as garantias oferecidas para as famílias após os contratos com a seguradora e com a corretora.