07/04/2020 às 10h58min - Atualizada em 07/04/2020 às 10h58min

Mortes de obesos por Coronavírus no Espírito Santo alertam para cuidados com grupo de risco

O estado já registrou seis mortes pela doença. Dentre eles, de acordo com a Sesa, a maioria eram pacientes acima do peso

Da Redação
 

Os dados das mortes confirmadas pelo Novo Coronavírus no Espírito Santo apontam para uma questão alarmante: dos seis óbitos, cinco são de pacientes com menos de 60 anos. Em comum, a maioria deles eram obesos, de acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin. A sexta vítima, era uma idosa de idade não informada.

O médico infectologista Henrique Bonaldi explicou que a obesidade pode sim interferir nas consequências provocadas pelo Novo Coronavírus. De acordo com ele, a obesidade já é um fator que tira o indivíduo do eixo saudável da vida.

"Ter um obeso extremamente saudável é algo muito raro. Ele, geralmente, tem maus hábitos alimentares, é sedentário e algumas alterações no corpo dele começam a acontecer em decorrência da obesidade, como por exemplo, a glicose dele, que começa a subir e um dia ele pode se tornar um diabético, uma pessoa com pressão alta. Então, o obeso por si só já é fator de risco, determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) há alguns anos. Agora estamos vendo a doença que pega a maior parte de indivíduos que têm comorbidade, chegando, inclusive, aos obesos", disse.

Para explicar o que são as comorbidades, Bonaldi descreveu como sendo tudo o que tira uma pessoa da saúde. “Por exemplo, se você é um indivíduo que é magro, que faz atividade física, come bem, mas fuma, você tem uma comorbidade. Então é tudo aquilo que coloca em risco o seu eixo saudável da vida. Os obesos fazem parte do grupo de comorbidades antes já definidos. Agora, parece que a doença pega todas as comorbidades, incluindo a obesidade”, explicou.

Para o médico, a melhor forma de aproveitar o isolamento é se preparar para a doença. A dica, que serve para todos, é mudar hábitos para se tornar cada vez mais saudável. “Boa parte dos indivíduos vai pegar doença daqui a três meses, por exemplo. Esse indivíduo acabou de perder 60, 90 dias em que ele poderia ter emagrecido, comido melhor se preparado em termos de performance física para aguentar a doença. Quanto mais preparado você estiver para a doença, menor é a sua chance de mortalidade no mundo”, disse.

O médico ainda esclareceu que, mesmo diante da pandemia, não é indicado que nenhum medicamento, contra nenhuma outra doença, deve ser suspenso sem que haja a orientação médica para isso. “Isso não deve ser feito, senão viveremos uma segunda epidemia, uma curva em cima da outra, que é o indivíduo que era para estar tomando remédio, não toma e piora da doença. Agora um período que todos os pacientes vão ficar distantes dos médicos. O ideal é que permaneça fazendo o que ele sempre diz para fazer”, afirmou.

Finalizando a conversa, o especialista reforçou que o mais indicado no momento é não sair de casa, a menos que seja de extrema necessidade ou que seja preciso para trabalhar. “Não há remédio comprovado para isso (Novo Coronavírus). Não há vacina. Isolamento social parcial foi insucesso em todo o mundo. Você, que tá saindo de casa, saiba que está cooperando para a piora da doença. Quem não sai de casa hoje salva milhares de vidas”, salientou.

 
 
 

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