Está em curso no país um movimento de retrocesso, que pode ser chamado também de imbecilização coletiva. Capitaneado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, esse processo, por um lado, exalta e amplifica o que há de pior na prática política nacional. Por outro, investe contra todos os avanços democráticos e civilizatórios conquistados pela sociedade brasileira nos últimos trinta anos, desde o fim da ditadura militar. Para os militantes do atraso, todo pensamento divergente deve ser destruído. E não importam as armas utilizadas. Agressões, ameaças, mentiras e distorção dos fatos compõem o cardápio de políticos eleitos no vácuo do seu líder nacional, dos seus apoiadores e de “avatares” sem certidão de nascimento, criados apenas para divulgar discursos de ódio e desinformação nas redes sociais.
Este é, aliás, o campo de batalha escolhido como prioritário pelos defensores do retrocesso e do vale-tudo. Sentindo-se protegidos pela perspectiva de anonimato no universo virtual, eles destilam frustrações e preconceitos, animados e alimentados por lideranças tacanhas, de baixa extração cultural, sem o menor compromisso com a ética, a solidariedade humana e as lições da história. Misturam no mesmo caldo ideologias antagônicas, referências antípodas e ideias contraditórias, quase sempre produzidas por outras pessoas e retiradas do contexto em que foram formuladas.
No Espírito Santo, esse movimento – se é que podemos chamar assim à tentativa de reeditar barbáries já provadas pela humanidade – tem algumas caras conhecidas e uma multidão de fantasmas cibernéticos que assinam perfis falsos nas redes sociais. Pendurados no capitão-presidente, eleito à sombra da catastrófica administração petista que o antecedeu, eles tentam se erguer da insignificância de suas trajetórias públicas radicalizando na vulgaridade e na baixeza. Assim, alheios aos mais básicos ditames da política e da convivência em sociedade, alimentam os zumbis acéfalos que replicam nas redes seu ódio cego.
O subproduto capixaba desse movimento nacional tem como alvo principal o governador do estado, Renato Casagrande. E, para combatê-lo, valem todas as baixezas, todas as mentiras, todas as agressões. Mesmo em meio à mais brutal pandemia do século, que já produziu dezenas de milhares de mortes no país, militantes do ódio e seus líderes são incapazes de demonstrar o mínimo de humanidade. Diante da tragédia, espalham notícias falsas, deturpam orientações de saúde, apenas para dificultar o trabalho do governo ao qual se opõem e que tentam conquistar da maneira mais desonesta e desonrosa.
É hora, pois, de dar um basta nessas ações. A sociedade não pode aceitar passivamente o veneno destilado por uma minoria aferrada a preconceitos arcaicos, frustrada pela própria incompetência e imbecilizada pelo discurso raso dos espertos de ocasião. Há diversas iniciativas em curso com esse objetivo, como os processos das “fake news” e das manifestações antidemocráticas, ambos tocados pelo Supremo Tribunal Federal, e as ações judiciais movidas pelo próprio governo capixaba contra os agressores e seus robôs. Mas a resposta mais efetiva tem de ser dada pelos cidadãos. Neste momento, deixando de compartilhar o lixo postado pelos que comandam os grupos de ódio. E daqui a pouco, varrendo com seu voto a pregação autoritária que defende a volta da ditadura, a oficialização da mentira, o desrespeito à vida e a eliminação dos divergentes.
Por Thiago Tuirini