Deputada bolsonarista Soraya Manato (PSL-ES) recebeu dose da Coronavac em 25 de janeiro, dia em que o governo de seu estado abriu vacinação para trabalhadores da saúde.
A parlamentar é defensora do tratamento precoce para o coronavírus e posta com frequência reuniões com equipes do governo federal para conseguir mais hidroxicloroquina, cloroquina ou ivermectiva para o Espírito Santo. Os remédios não tem eficácia comprovada contra a Covid-19 e médicos têm apontados efeitos colaterais graves a partir de seu uso.
Ela diz ao Painel que preferia ter sido imunizada com outra vacina que não a Coronavac, mas que não há como escolher. E afirma que tomará a outra dose nesta segunda (22).
Manato é médica e diz que atende em hospital dois dias por semana no Espírito Santo. Ela afirma que não tem restrições à Coronavac relacionadas à sua origem chinesa ou ao envolvimento do governador João Doria (PSDB-SP) nas negociações para sua importação e produção, mas que gostaria de outra vacina “por causa dos estudos, das referências”.
Nas redes sociais, publicou card sobre interrupção dos estudos da Coronavac pela Anvisa em novembro. Ela não divulgou aos seus seguidores que recebeu a imunização.
“Não sou crítica de nenhuma vacina, muito pelo contrário. Nunca dei declaração nesse sentido. Sou uma defensora de vacinas, tanto que tenho projeto de lei anterior à pandemia de que os pais têm obrigação de vacinar os filhos”, afirma a deputada.
“Por mim, teria preferência por outra. Mas não tive outra opção, [a Coronavac] foi a que deram no hospital e obedeci”, completa. “[Preferia outra que não a Coronavac] pela própria pesquisa. Mas acho que todas são válidas.”
“Não tem nada a ver com o Doria [a preferência por outra vacina]. Tanto que sou da comissão externa do coronavírus da Câmara e visitamos o Instituto Butantan e a Fiocruz (…) Temos que valorizar essas instituições”, continua. “[Preferia outro imunizante] por causa de referências. Mas não tive problema algum, nenhuma reação”.
A parlamentar diz que seu marido, o ex-deputado federal Carlos Manato, ainda não recebeu a vacina por não praticar a medicina há 18 anos. Ela acrescenta que seus filhos, também médicos, foram imunizados.
Em agosto do ano passado, Soraya Manato passou a ser questionada após dizer em sessão na Câmara que havia tido acesso ao laudo médico da menina de dez anos que engravidou após ser estuprada no Espírito Santo.
Ela negou ter sido a responsável por enviá-lo a extremistas que passaram a pressionar a família da menina, inclusive com cerco ao hospital em que ela estava.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) pediu ao Conselho Federal de Medicina (CFM) que investigasse como Soraya havia tido acesso ao laudo.