Representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde pediram ao Ministério da Saúde que as próximas remessas de vacinas contra a Covid-19 não sejam automáticas, mas por demanda. O objetivo é evitar perdas de vacinas. Alessandro Aldrin, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), disse que a vacina da Pfizer, por exemplo, que precisa ser armazenada em temperatura mais fria, tem chegado a alguns municípios para ser usada em pouco tempo.
As preocupações foram levantadas, nesta segunda-feira (22), em audiência pública da Comissão de Educação da Câmara destinada ao debate dos próximos passos da vacinação. As deputadas Carmen Zanotto (Cidadania-SC) e Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) pediram prioridade para os professores e os assistentes sociais caso sejam realmente necessárias mais etapas de vacinação no futuro. Professora Dorinha disse ainda que as crianças de 5 a 12 anos precisam ser vacinadas para não levarem o vírus para as escolas.
Rosana de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, explicou que o governo está ainda avaliando a vacinação das crianças, mas mostrou preocupação com a população que não foi buscar a segunda dose da vacina. Ela lembrou que a circulação do vírus favorece o aparecimento de novas variantes. A meta do governo é vacinar mais de 90% da população.
Taxa de vacinados
A secretária também disse que é importante que os países vizinhos progridam na vacinação. Ela citou os exemplos do Paraguai e da Venezuela, que têm taxas abaixo de 40%. Alessandro Aldrin acredita que o Brasil já pode começar a discutir uma ajuda na vacinação destes países.
Todos ressaltaram a importância de campanhas de “busca ativa” de não vacinados. Para o assessor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde Fernando Avendanho, o medo em torno da rapidez com que as vacinas foram produzidas não se justifica.
“Se fosse a primeira vacina que existisse no mundo, talvez a gente estranhasse um pouco a agilidade. Mas, com todo o histórico de produção de outros imunizantes, era de se esperar que tivéssemos uma vacina logo para uma doença causada por vírus. Os princípios da vacinologia não mudam muito”, explicou.
Orçamento da Saúde
A deputada Carmen Zanotto afirmou que os deputados estão fazendo um grande esforço para aumentar o Orçamento de 2022.
“Sem sombra de dúvida, Ministério da Saúde, estados e municípios não sobreviverão com o Orçamento que está apresentado para 2022. Nós temos dados que somam atenção básica, média e alta complexidade e imunização e precisamos de uma correção de recursos de R$ 9,5 bilhões do que foi enviado para a Câmara e o Senado, para o Congresso Nacional.”
Os convidados disseram que a Covid-19 ainda tem várias perguntas sem resposta. Uma delas é se ela será uma doença sazonal como a gripe e se haverá, portanto, necessidade de reforço de vacinação anual.