O Plenário da Câmara dos Deputados parou por 1 minuto nesta quarta-feira (2) em memória do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, que foi assassinado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no último dia 24 de janeiro. O jovem de 24 anos, refugiado no Brasil, foi amarrado e espancado até a morte porque teria cobrado uma dívida do empregador, em um caso que gerou comoção nacional.
O minuto de silêncio foi solicitado pelo deputado Otoni de Paula (PSC-RJ). “Gostaria de manifestar minha tristeza e repúdio pelo acontecido”, disse o parlamentar, que chamou o caso de “barbárie”. “Que as autoridades públicas possam resolver esse caso para que a justiça seja feita. A questão não é se morreu um negro ou um branco, mas morreu um ser humano de uma forma lamentável”, afirmou.
Já o líder do PSB, deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), declarou que o racismo é ponto fundamental deste caso. “Não podemos mais jogar para debaixo do tapete esse ranço da escravidão”, disse.
Bira do Pindaré defendeu a criação de uma comissão externa para ir ao Rio de Janeiro cobrar providências das autoridades. “É preciso que esta Casa se levante contra o racismo. Vamos criar uma comissão permanente para enfrentar o tema da igualdade racial”, informou.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também afirmou que o Congresso precisa acompanhar o caso. Ela destacou que está marcada uma manifestação, no local do crime, para cobrar providências. “Nós precisamos que este Congresso assuma a responsabilidade para exigir a investigação, a responsabilização, a punição. Nós não podemos mais conviver com isso. O povo vai para a rua, neste sábado, exigir apuração e investigação, mas nós precisamos ir além”, disse.
A líder do Psol, deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), também prestou solidariedade à família de Moïse Mugenyi Kabagambe e convocou as pessoas a participar das manifestações marcadas para o sábado em diversas capitais. “Isso não pode passar impune, o Brasil precisa ser um País que acolhe os seus imigrantes, os refugiados, precisa parar o racismo e a barbárie contra os jovens negros”, disse.
Cultura do ódio
Já o líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), afirmou que o caso é o reflexo de uma cultura que incentiva o linchamento e o justiçamento. “A gente vem assistindo, no Brasil e no Rio, a discursos políticos de ódio, incentivando a vingança. O Rio não pode ser um lugar onde a vida valha tão pouco. É inadmissível que a gente tenha tamanho desprezo pela vida”, disse.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que é preciso reforçar a luta por direitos humanos. "O assassinato vil e covarde de um jovem congolês, Moïse, que chegou ao Brasil com 11 anos de idade como refugiado, demonstra a perversidade de um país que está nas mãos do ódio", declarou.