Não tem hora para a felicidade bater à sua porta. Branca e Marcelino são a prova disso. Aos 100 e 96 anos eles eram namorados até a semana passada.
No último fim de semana os dois viúvos se casaram na casa de repouso onde se conheceram, em Campinas, no interior de São Paulo.
O local se transformou em um salão de festas, decorado especialmente para a união. Teve bolo com bonequinhos de noivos idosos, decoração, alianças e um dia da noiva para Branca, tudo de acordo com a tradição.
A filha de Marcelino falou emocionada sobre o amor dos dois.
“Amor desinteressado, um amor puro né. E é muito carinho. Tudo isso acho que é muito emocionante, é muito verdadeiro, é muito puro”, disse Marilinda Ribeiro dos Santos ao G1.
Branca e Marcelino decidiram oficializar a união após o aniversário de 100 anos do engenheiro aposentado. E o curioso é que eles tinham a mesma insegurança de casais jovens.
“Eu tinha até medo, falava ‘ai meu Deus, e se ele desiste?’ […] e ele pensava a mesma coisa! Depois, no fim, os dois falaram ao mesmo tempo: pensei que você fosse desistir de mim”.
História de amor
O casal conta que o relacionamento teve início há aproximadamente dois anos, quando Marcelino passou uma temporada na casa onde Branca vive e, ao conhecê-la, quis ficar.
Mas o pedido de namoro só se concretizou há quase um ano.
Branca, que é estilista, garante que faltam razões para se apaixonar pelo noivo.
“Ele é um amor, ele é um doce”, diz.
Romântica nata, que gosta de decorar seu quarto na casa de repouso com pelúcias e bonecas de pano, ela relata o encantamento.
Amar rejuvenesce
Marcelino conta que, graças ao novo relacionamento, se sente mais jovem, com 40 anos.
A sensação de jovialidade também mudou o dia-a-dia da estilista.
“[Me sinto] novinha, gostosa, bem chuchuzinha, sabe?”, conta Branca, entre risos.
Segundo a cuidadora Monize Faria Cecílio, que acompanha a trajetória dos noivos há dois anos, sempre houve uma relação de amizade muito forte entre o casal.
Com o tempo, os idosos passaram a ficar cada vez mais próximos.
“Ela sai do quarto dela […] ela passa no quarto dele e vai conversar com ele, vai dar bom dia, e dá beijinho, sabe? Todo aquele cuidado. Se ele está descoberto, ela vai e cobre ele, ajeita o travesseiro dele. Sempre cuidando dele”, conta Monize.
Romantismo
Os dois viúvos vivem aos beijos, de mãos dadas e cheios de carinhos um pelo outro. A relação deles se fortaleceu dentro da casa de repouso.
Segundo Andreia Garcia Jagucheski, proprietária da casa, o relacionamento trouxe reflexos positivos para todos os moradores.
“Não é porque eles estão numa casa de repouso que é o fim. É o começo. Aqui eles sentem amor um pelo outro […] eles sempre estão interagindo um com o outro, sempre juntos.”