"Quando nós fomos na cozinha, já estavam a geladeira e o freezer no chão, fogão também. A porta tava para dentro, a água batendo na altura do meu peito. Falei com ela pra gente ir pro quarto, mas quando fomos, o guarda-roupa encaixou na porta e ficamos presos. Eu gritava para os meus amigos 'socorro, nós vamos morrer'", lembrou.
Os vizinhos tentaram ajudar como podiam. "Eles falaram pra gente subir em cima da cadeira, mas depois não deu mais. Falaram pra subir na janela e nós subimos. Eu falava pra minha esposa ficar na ponta do pé. Tinha horas que ela falava que não aguentava, que ia se jogar, aí eu falava que ia me jogar junto. Falei com ela: 'bota o rosto pra cima, que a última chance é nossa'", lembrou seu José Luiz.
Dona Glorinha contou que teve mais dificuldades porque é mais baixa que o marido.
O vizinho Edino Caldanho contou que ficou tentando ajudar os vizinhos de longe, com orientações, porque não conseguia chegar perto da casa.
"A água tapou eles, aí foi desespero total. Não vimos mais eles, pararam de gritar com a gente. Pensamos que eles tinham morrido, são os melhores vizinhos que temos. Pra gente foi difícil ficar cinco horas sem saber, se ver eles", contou.
Os vizinhos acreditavam que a água havia passado por cima do casal porque a imagem vista de fora era de que o rio já estava no teto do imóvel, mas os idosos ainda conseguiram ficar com a cabeça para fora porque por dentro da residência, a construção é quase um metro acima do nível da rua.
Dona Glorinha contou que quando já estava perdendo as forças, começou a gritar por ajuda divina.
A enfermeira e sobrinha do casal, Ariadna Oliosi, disse que a coragem dos dois virou exemplo para a toda a família.
"Eles sempre foram muito fortes e muito unidos, é isso que faz eles aguentarem isso aqui", disse a sobrinha, revelando ainda que dona Glorinha tem problema de coração e que seu José Luiz faz tratamento contra um câncer de medula.
Os dois têm certeza de que escaparam da morte por uma intervenção divina.